Pessoas com TEA, têm como consequência alterações físicas e funcionais no cérebro e, também por vezes, problemas relacionados ao desenvolvimento motor, relacionamento, linguagem e comportamento.
Portanto, essa é uma pergunta que costuma ser recorrente, afinal o xadrez é benéfico para autistas?
Sim, o jogo de xadrez é indicado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e isso ocorre por diversas razões. No entanto, é preciso saber que a prática do xadrez também está condicionada ao nível de autismo.
Isso porque o xadrez é um jogo que oferece uma série de benefícios cognitivos, sociais e emocionais e que podem ser muito úteis para algumas pessoas, mas para outras não. Entre esses benefícios é possível destacar alguns que já possuem comprovação científica.
Alguns motivos pelos quais o xadrez pode ser benéfico para autistas
O jogo de xadrez é um excelente instrumento para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais, especialmente em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Atualmente existem programas específicos e iniciativas que usam o xadrez como uma ferramenta terapêutica para ajudar no desenvolvimento de crianças e adultos com TEA.
No entanto, é importante saber que cada pessoa é única, e algumas coisas que funcionam para uma pessoa podem não funcionar para outra. Além disso, existem diversos graus de dependência de TEA, classificados como autismo leve (nível 1), moderado (nível 2) ou severo (nível 3).
Sendo assim, é recomendável personalizar as abordagens e atividades de acordo com as necessidades e interesses específicos de cada pessoa.
Portanto neste artigo vamos explorar como o xadrez pode beneficiar essas pessoas, com base em estudos e experiências práticas.
Desenvolvimento cognitivo
O jogo de xadrez estimula o pensamento lógico e matemático, a resolução de problemas e a memória. Com o xadrez, essas habilidades cognitivas se desenvolvem de maneira divertida e desafiadora.
Além disso, ele ensina a planejar e julgar, incentiva a antecipação de situações e a tomada de decisões.
Estrutura e previsibilidade
Quem convive com um autista sabe que ele não gosta de mudança radicais em sua rotina.
O xadrez é um jogo com regras claras, permanentes e uma estrutura bem definida. Isso é reconfortante para pessoas com TEA, que muitas vezes se sentem mais à vontade com situações previsíveis, frequentes e estruturadas.
Memória, foco e concentração
Jogar xadrez requer um alto nível de concentração e atenção aos detalhes, habilidades que podem ser benéficas para melhorar o foco de pessoas com TEA. Além disso, estimula a capacidade de memorização e atenção.
Desenvolvimento social
Embora o xadrez seja um jogo individual, ele é uma excelente forma de promover a interação social em um ambiente controlado.
Jogar xadrez pode ajudar a desenvolver habilidades de comunicação e interação social, porque facilita a interação social e a comunicação.
Gestão de emoções
O xadrez ensina a lidar com frustrações e perdas de maneira saudável, ajudando a melhorar a regulação emocional.
Incentivo à persistência
O jogo de xadrez ensina a importância da paciência e da persistência, pois os jogadores precisam planejar e pensar a longo prazo.
Também possibilita aumentar a capacidade de imaginação e perseverança, porque estimula a criatividade e a determinação.
Inclusão
O xadrez é uma atividade inclusiva que pode ser jogada por pessoas de todas as idades e habilidades. Pode ser uma oportunidade de integração em atividades grupais, promovendo a inclusão social.
Estudos e Experiências que comprovam esses benefícios
Um estudo realizado no ano de 2008 – pelo psicólogo e treinador de xadrez Karel van Delft e seu filho Merijn van Delft, mestre internacional de xadrez e também psicólogo -, mostrou que crianças, jovens e adultos autistas tiveram melhorias significativas na interação social graças ao xadrez.
Baseados nesse estudo, eles publicaram o livro ‘Schaaktalent ontwikkelen’. Esse livro foi traduzido para a língua inglesa com o título de ‘Developing Chess Talent’ (Desenvolvendo o Talento Enxadrístico).
No livro, depoimentos de professores e treinadores de xadrez, de pessoas com TEA e seus familiares, os autores concluíram que o xadrez se mostrou um esporte adequado para muitas crianças e adultos incluídos no espectro.
Todos os relatos e depoimentos listados foram unânimes em apontar melhorias significativas quanto à interação e sociabilização dessas pessoas.
Além disso, os autores, com base em seus conhecimentos de Psicologia e também na experiência prática
que possuíam com o xadrez, concluíram também que este jogo estimulou sensivelmente o desenvolvimento emocional e cognitivo de pessoas com TEA.
No ano de 2019 aconteceram Oficinas de Xadrez em Fortaleza, Ceará, em uma iniciativa liderada por Alcileide Carvalho Alves, engenheira civil e enxadrista amadora. Nessas oficinas houve resultados positivos semelhantes aos observados pelos pesquisadores holandeses, incluindo melhorias na concentração e na interação social dos participantes autistas.
Além de serem percebidos ganhos na interação e na sociabilização, observou-se melhorias na capacidade de concentração das crianças e adolescentes autistas que participavam assiduamente do projeto. Isso foi percebido e relatado por vários familiares desses jovens.
Alguns desses familiares relataram também que nunca os haviam visto permanecerem mais de 30 minutos em uma única atividade, comportamento que nas oficinas acontecia com relativa naturalidade.
Conclusão
O jogo de xadrez está sendo cada vez mais usado como uma ferramenta terapêutica, tanto para crianças como para adultos com TEA, proporcionando diversos benefícios cognitivos, sociais e emocionais.
Por exemplo, o xadrez terapêutico é uma abordagem específica que utiliza o jogo para estimular habilidades como concentração, memória, raciocínio lógico e tomada de decisões. Nessa técnica, os terapeutas adaptam as regras do jogo conforme necessário para tornar a atividade mais acessível e eficaz para cada pessoa. Isso pode incluir o uso de tabuleiros com peças maiores e mais coloridas ou a realização de análises de partidas famosas para ensinar estratégias e táticas.
Além dos benefícios cognitivos, o xadrez também promove melhorias na interação social e na comunicação, áreas frequentemente desafiadoras para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A prática regular do jogo ajuda no desenvolvimento de habilidades de espera, planejamento e antecipação, além de proporcionar um ambiente estruturado para a expressão emocional.
Pesquisas indicam que o Xadrez Terapêutico pode melhorar a atenção, a memória, o planejamento estratégico e a resolução de problemas. Esses avanços podem levar a melhorias significativas na vida cotidiana de autistas, facilitando a realização de atividades diárias e a interação com outras pessoas.
Portanto, o xadrez não apenas oferece uma atividade lúdica e prazerosa, mas também atua como um poderoso instrumento de desenvolvimento e integração.